Passou o tempo. Hoje, parece ter sido tão rápido... Uma calmaria
leve toma conta dos meus dias, antes tão desgastantes e sofridos. Hoje, a
palavra de ordem é construção. Construo rotina, planos, laços. Construo o
momento pelo qual tanto esperei. Hoje é tão claro o quanto cada minuto angustiadamente
acompanhado foram úteis. Aprendi a medir o tempo e a deixa-lo passar. Passar!
Deixar o tempo e suas mágoas irem embora. Permitir que as lembranças sejam mais
superficiais e menos doloridas. E hoje elas são. Cada dia mais suaves, uma
brisa que a gente quase não sente chegar. E se antes os minutos passavam
lentamente, hoje já não os observo mais. De repente são dezoito horas, de
repente é sexta-feira, de repente já é outono! E de repente em repente, os dias
vão passando com uma felicidade discreta, contida, real. Acho que vivo agora em
um outono permanente. Temperatura suave, um solzinho cálido, aquela brisa leve.
Caem folhas velhas, recupero a vitalidade perdida em tantos anos de cansaço, economizo
energia para o verão, e fica aquela sensação de equilíbrio constante. Até
quando será assim? Só Deus sabe!