Izzie, eu te entendo. Entendo sua angústia e desespero. Sei
que a vontade maior é de voltar no tempo e fazer as coisas tomarem um rumo
diferente. Mas não vão tomar, então desista. Eu te entendo. Entendo quão grande
é a sua frustração. O quanto parece impossível refazer os planos, mudar o rumo
dos sonhos, enxergar uma nova possibilidade. Agora não há mesmo novas
possibilidades. Aceite. Izzie, eu sei como é ver todas aquelas palavras bonitas
virarem fumaça porque o destino, ou a vida, ou o acaso, fizeram questão de
mudar tudo e te deixar de mãos vazias. Isso está fora do seu controle. Não se
desespere. Eu sei Izzie que parece irônico ter o sonho realizado e em fração de
segundos tudo desmoronar. Do céu ao inferno em uma respiração um pouco mais
longa. É difícil. Parece que nada mais vai funcionar, nada mais vai fazer
sentido. E agora não faz. Mas sabe, Izzie, eu tenho certeza que, assim como eu,
você não se arrepende. Você sabe que deu o seu melhor e lutou o máximo que
pôde. Você não desistiu, você cuidou, você apoiou, você segurou a mão, você
amou. Amou um tanto que mal cabia dentro de você. Amou até transbordar. Amou.
Ama. Foi amada. É amada. E assim como poucos entendem a sua dor agora, poucos
foram amados como você. Todos que te disseram que era loucura, que você não
deveria entregar seu coração a um caso tão complicado, não sabem o que é ser
amada como você foi. A certeza de que não há culpados, não há erros, não há
desistência é o único bálsamo existente. O que você viveu, Izzie, é raro. É
entrega pura, verdadeira, daquelas que vão marcar sua vida pra sempre. Então
viva o seu luto. Todo fim precisa ser sentido, pode dilacerar, pode paralisar,
mas precisa ser vivido. E então, Izzie, quando você for capaz de vislumbrar um
pequeno feixe de luz a diante, abra os olhos. Abra os olhos devagar, se
acostume novamente à luz. Até que seja capaz de se olhar no espelho e ver que,
no fim de tudo, você foi e é uma privilegiada. Acredite em mim como eu entendo
você.
Referência: Izzie Stevens, do seriado Grey's anatomy.