sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Liberdade

De repente acorda e se dá conta de que está vivo. É capaz de sentir o sangue percorrendo suas veias em alta velocidade, quase queima. O cérebro processa informações nunca antes percebidas, e os pulsos pulsam como nunca. Sentimentos se organizam de forma lógica e clara. É tempo de liberdade, de libertação. O corpo entra em uma sintonia palpável com o todo, e entende finalmente onde pertence, qual é o seu lugar. Seu lugar é o mundo. Não há mais amarras frouxas. O elefante se dá conta que é mais forte que a corda, e ele a arrebenta como um nó frouxo. As cores vibram, brilham, realçam. Formam mosaicos coloridos e intensos, como o coração. Este se dá conta de quanto tempo perdeu. Perdeu tempo, perdeu vida, perdeu a chance de bater descompassadamente por tantas vezes. Um descompasso que equilibra, liberta, emana humanidade. Humanidade esta que estava esquecida em meio ao caos da realidade que aprisiona. Necessidades práticas empurram a vida para o canto. Aperta até explodir. E nessa explosão as energias se espalham em ondas intensas de calor e força. Coragem. Coragem para o não. Coragem para o sim. Coragem para o “vem”. Coragem. Reencontro. Reencontra quem é, o que quer. Reencontra a si mesmo. E comemora. Comemora naquele bar que sempre foi, com a cerveja que sempre bebeu. Comemora com o de sempre, porque nova é a lente que usa pra ver o mundo!

sexta-feira, 29 de março de 2013

O meu outono...


Passou o tempo. Hoje, parece ter sido tão rápido... Uma calmaria leve toma conta dos meus dias, antes tão desgastantes e sofridos. Hoje, a palavra de ordem é construção. Construo rotina, planos, laços. Construo o momento pelo qual tanto esperei. Hoje é tão claro o quanto cada minuto angustiadamente acompanhado foram úteis. Aprendi a medir o tempo e a deixa-lo passar. Passar! Deixar o tempo e suas mágoas irem embora. Permitir que as lembranças sejam mais superficiais e menos doloridas. E hoje elas são. Cada dia mais suaves, uma brisa que a gente quase não sente chegar. E se antes os minutos passavam lentamente, hoje já não os observo mais. De repente são dezoito horas, de repente é sexta-feira, de repente já é outono! E de repente em repente, os dias vão passando com uma felicidade discreta, contida, real. Acho que vivo agora em um outono permanente. Temperatura suave, um solzinho cálido, aquela brisa leve. Caem folhas velhas, recupero a vitalidade perdida em tantos anos de cansaço, economizo energia para o verão, e fica aquela sensação de equilíbrio constante. Até quando será assim? Só Deus sabe!