De repente acorda e se dá conta de que está vivo. É capaz
de sentir o sangue percorrendo suas veias em alta velocidade, quase queima. O cérebro
processa informações nunca antes percebidas, e os pulsos pulsam como nunca. Sentimentos
se organizam de forma lógica e clara. É tempo de liberdade, de libertação. O corpo
entra em uma sintonia palpável com o todo, e entende finalmente onde pertence,
qual é o seu lugar. Seu lugar é o mundo. Não há mais amarras frouxas. O elefante
se dá conta que é mais forte que a corda, e ele a arrebenta como um nó frouxo. As
cores vibram, brilham, realçam. Formam mosaicos coloridos e intensos, como o
coração. Este se dá conta de quanto tempo perdeu. Perdeu tempo, perdeu vida,
perdeu a chance de bater descompassadamente por tantas vezes. Um descompasso
que equilibra, liberta, emana humanidade. Humanidade esta que estava esquecida
em meio ao caos da realidade que aprisiona. Necessidades práticas empurram a
vida para o canto. Aperta até explodir. E nessa explosão as energias se espalham
em ondas intensas de calor e força. Coragem. Coragem para o não. Coragem para o
sim. Coragem para o “vem”. Coragem. Reencontro. Reencontra quem é, o que quer. Reencontra
a si mesmo. E comemora. Comemora naquele bar que sempre foi, com a cerveja que
sempre bebeu. Comemora com o de sempre, porque nova é a lente que usa pra ver o
mundo!
Esse espaço foi criado para dividir com as pessoas alguns dos meus ensaios artísticos, sempre na tentativa de decifrar sentimentos, momentos, visões, percepções, sentidos... Daí o nome, "cheiro de flor...", um perfume suave, que só é sentido com extrema sensibilidade e coração...
sexta-feira, 1 de novembro de 2013
sexta-feira, 29 de março de 2013
O meu outono...
Passou o tempo. Hoje, parece ter sido tão rápido... Uma calmaria
leve toma conta dos meus dias, antes tão desgastantes e sofridos. Hoje, a
palavra de ordem é construção. Construo rotina, planos, laços. Construo o
momento pelo qual tanto esperei. Hoje é tão claro o quanto cada minuto angustiadamente
acompanhado foram úteis. Aprendi a medir o tempo e a deixa-lo passar. Passar!
Deixar o tempo e suas mágoas irem embora. Permitir que as lembranças sejam mais
superficiais e menos doloridas. E hoje elas são. Cada dia mais suaves, uma
brisa que a gente quase não sente chegar. E se antes os minutos passavam
lentamente, hoje já não os observo mais. De repente são dezoito horas, de
repente é sexta-feira, de repente já é outono! E de repente em repente, os dias
vão passando com uma felicidade discreta, contida, real. Acho que vivo agora em
um outono permanente. Temperatura suave, um solzinho cálido, aquela brisa leve.
Caem folhas velhas, recupero a vitalidade perdida em tantos anos de cansaço, economizo
energia para o verão, e fica aquela sensação de equilíbrio constante. Até
quando será assim? Só Deus sabe!
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